segunda-feira, 25 de junho de 2012

A dieta do Sadhu

Estava lendo um livro ontem, publicado em 1992 pela editora Shakti, chamado Fábulas e Lendas da Índia, por acaso encontrei um conto chamado "A dieta do Sadhu" e achei que tinha tudo a ver com a K. Pradhata.
Então para começar a semana resolvi compartilhar com vocês leitores do blog este conto que faz parte da rica herança de histórias do folclore indiano.


Há muito, muito tempo atrás, havia um Sadhu que morava nas profundezas da floresta, vivendo de raízes e frutinhas, com a mente fixa na meditação. Os pássaros e outros animais da floresta eram seus amigos, e

qualquer um que passasse uma hora em sua presença experimentava uma sensação de profunda paz.
Com o passar do tempo, as notícias se espalharam a respeito desse Sadhu que transmitia paz e, mesmo o
Rei daquele país, lá longe em seu palácio, veio para visita-lo e ouvi-lo. Chegou à floresta com presentes e
saudações respeitosas, e também foi abençoado pela experiência de uma serenidade inexpressável. A paz é o que os reis mais sentem falta e desejam. O Rei veio outra vez e mais outra vez visitar o Sadhu. E, na terceira visita, pediu ao ermitão para vir morar com ele no palácio real. A princípio, o Sadhu recusou. Mas depois de insistentes súplicas, concordou com o Rei e acompanhou-o à cidade, onde foi recebido com grande respeito por todos. Foi-lhe dado um quarto perto do Rei, e o próprio Rei e a Rainha cuidavam dele, para se assegurarem de que todos os seus desejos fossem satisfeitos.

Depois de ter vivido assim no palácio por vários meses, aconteceu que, um dia, quando a Rainha foi se banhar, tirou do pescoço um de seus magníficos colares de diamantes, colocou-o de lado, esquecendo-se dele completamente quando deixou a casa de banho.
A pessoa que entrou a seguir foi o Sadhu. Ele viu o maravilhoso colar jogado lá, colocou-o dentro do casaco e foi embora do palácio sem falar com ninguém.
Passado algum tempo, a Rainha sentiu falta do colar e lembrou-se de onde o tinha deixado. Mandou uma
criada procurá-Io, mas nada foi encontrado. Investigações logo revelaram que a única pessoa que havia estado na casa de banho depois da Rainha tinha sido o Sadhu - e que ele não estava mais no palácio. A Rainha ficou muito perturbada e insistiu para que o Rei mandasse seus soldados pegar o ladrão. Porém o rei disse:
- Querida senhora, ainda me lembro da maravilhosa experiência de paz que tive na presença do nosso
querido Sadhuji. Estou convencido de que é um homem genuinamente santo. Se ele tirou o colar, deve ter tido boas razões para isso. Sem dúvida, era um belo colar e muito valioso, mas você tem outros. Acalme-se e vamos ver o que var acontecer.
Uns poucos dias mais tarde, o Sadhu retornou, pediu uma audiência ao Rei e devolveu o colar, com muitas
desculpas abjetas. O Rei ficou atônito;
- Querido Sadhu, - perguntou, - sabendo que lhe daríamos alegremente tudo que desejasse, por que
se apossou do colar? E depois de roubâ-lo, por que vem devolvê-lo de modo tão servil? Por favor, faça-me entender o ensinamento que quer nos transmitir por essas
estranhas ações.
- Oh, Rei, - replicou o Sadhu, - o senhor tem sido muito bom para mim. As explicações são muito
simples. Durante vários meses vivi aqui em seu palácio, alimentando-me com sua comida. Desse modo, as
impurezas do mundo entraram em mim e caí na inconsciência da ambição e da ingratidão. Após deixar o palácio, fui para a floresta e a primeira coisa que comi foi uma certa fruta que tem propriedades purgativas. No passado, ela não costumava me afetar, mas desta vez meu corpo todo passou por uma dolorosa purificação. Quando voltei a mim, avaliei o que tinha feito e resolvi voltar ao palácio tão rápido quanto minha condição enfraquecida permitia. Isso é tudo. O senhor mostrou-se generoso em seus pensamentos e em suas ações. Na sua generosidade, permita-me agora retornar a meu próprio lugar e à minha dieta.


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Agora me diz... é ou não é Panchakarma? É ou não Ayurveda!

Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura
"Na Índia, tudo leva a crer que as manifestações da vida cotidiana sejam reflexos da vida eterna. Homens e deuses se confundem e a natureza divina se evidencia de modo inesperado, com mediações primorosas. O extraordinário e o milagroso permeiam o dia a dia desse país, onde tudo pode acontecer e o impossível é, às vezes, o mais provável."
Thalysia Kleinert - 1992



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